terça-feira, 24 de julho de 2012

Ó Sino da Minha aldeia,de Fernando Pessoa

Em visita à aldeia da minha mãe no concelho de Vimioso, não poderia esquecer-me deste belíssimo poema de Fernando Pessoa. Em Vale de Pena foi este sino que me inspirou...





Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.

E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho,
Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.

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