sábado, 28 de julho de 2012

Hino ao Sol, Gomes Leal



Eu te saúdo ó Sol, belo astro amigo!
(Tão pontual há tantos centos de anos!)
Mais reluzente que um broquel antigo,
 Mais dourado que ceptros de tiranos:
Ave, heróica luz! viva e  sonora,
Vestindo o mundo, enquanto aos céus erguidos,
As florestas extensas dão gemidos,
E o duro mar se chora!

Eu te saúdo, ó astro dos guerreiros!. . . 
Eterno confessor de madrigais,
Que desgelas os densos nevoeiros,
Que alegras as sonoras capitais:
Que dás valor nos campos marciais,
E força e amor aos aldeões trigueiros,
E que incitas os  tigres carniceiros
A  beber nos caudais!

Quem contará, ó luz, tuas bondades?. . . 
E o amor no qual o coração abrasas,
E as tuas funerais solenidades
À ideal palpitação das asas?. . . 
Quem nos livra das flechas do pecado?
Quem faz na íntima terra o diamante?
Quem gera o monstro, a pomba, o lírio amado,
E a ideia extravagante?

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